Por que você deve parar de perguntar o salário de candidatos em entrevistas de emprego

A consultora de RH Jacqueline Resch explica como essa tradição perpetua as disparidades salariais entre homens e mulheres.

 

 

Qual o seu salário atual?

É uma pergunta comum em entrevistas de emprego.

Mas não deveria ser.

Há no mundo um crescente debate sobre o tema.

Pesquisas recentes indicam que essa tradição contribui para perpetuar as disparidades salariais entre homens e mulheres.

Um levantamento feito nos Estados Unidos conseguiu mostrar o quanto a questão importa.

O estudo comparou estados onde é proibido perguntar o histórico salarial de candidatos com aqueles sem a restrição.

Nos lugares onde as empresas não tinham a referência do valor pago aos candidatos anteriormente, houve um aumento de salário significativo.

Entre os profissionais negros, a alta foi de 13%.

Já as mulheres conseguiram remuneração 8% superior.

A mudança de comportamento pode parecer simples, mas muitas empresas decidem a remuneração de novos funcionários com base no salário atual deles.

Não é difícil imaginar um cenário em que uma companhia tenha uma vaga de R$ 3 mil para preencher e encontre um candidato com todas as qualificações necessárias ganhando R$ 1,5 mil.

O mais comum nesses casos é as empresas oferecerem mais do que R$ 1,5 mil, porém menos de R$ 3 mil.

“Muitas empresas ainda pautam o salário de quem entra pela última remuneração, ainda que tenha definido inicialmente pagar mais. Isso atrapalha a construção de culturas mais democráticas, colaborativas, participativas. Especialmente para negros e mulheres, que são grupos que historicamente ganham menos, essa prática perpetua a desigualdade salarial” diz a consultora de recursos humanos Jacqueline Resch.

“Há várias medidas que começam a ser tomadas para eliminar muitos dos vieses que a gente tem”, diz Jacqueline.

Nos últimos dois a três anos, lembra ela, o mundo corporativo começou a falar no recrutamento às cegas, por exemplo.

O tema é essencial para promover a inovação.

“Quando você parte para uma concepção de empresas mais colaborativas, com menos hierarquia, precisa considerar relações mais democráticas e equitativas”, diz.

Maior diversidade e equidade não só ajudam as organizações a inovarem mais, como também têm se tornado obrigatórios para atrair e reter talentos.

As empresas entendem isso e hoje trabalham para fortalecer suas marcas nesse sentido.

“Estamos trazendo conceitos de marketing para dentro do departamento de recursos humanos”, afirma Jacqueline.

A relação entre empresa e candidato, muda.

Deixa de ser um jogo de poder e passa a ser uma relação mais colaborativa.

É como se a empresa dissesse: eu tenho uma vaga legal, preciso do seu talento.

 

Fonte:

Época negócios.

Top