Proposta de reduzir a carga semanal de trabalho para quatro dias reacende debates sobre produtividade, saúde mental e equilíbrio entre vida pessoal e profissional
A rotina de trabalho de seis dias seguidos com apenas um de descanso, conhecida como escala 6×1, é a mais comum no Brasil, especialmente nos setores de comércio e indústria.
Este modelo, que totaliza até 44 horas semanais, foi estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e predomina entre trabalhadores com carteira assinada.
Contudo, uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada em maio, sugere reduzir a jornada semanal para 36 horas sem diminuição do salário e instituir a escala 4×3, na qual os trabalhadores teriam quatro dias de trabalho e três de descanso semanal.
O que é a escala 4×3?
A escala 4×3, também chamada de “semana de quatro dias”, oferece três dias de descanso após quatro dias consecutivos de trabalho.
A ideia é proporcionar uma jornada menos exaustiva, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores e favorecendo a saúde mental.
A PEC aponta que a mudança poderia trazer benefícios significativos, apoiando-se em dados de experiências internacionais e nacionais, como o experimento “4 Day Week Global”, realizado com diversas empresas ao redor do mundo.
Semana de quatro dias: um experimento que veio para ficar?
No Brasil, o experimento de semana reduzida contou com 19 empresas, das quais oito optaram por adotar o modelo de forma definitiva após seis meses de teste.
Outras sete empresas preferiram continuar com os testes, buscando ajustes, como políticas para feriados.
Entre as empresas que implementaram a semana de quatro dias, 60,3% dos funcionários relataram aumento de engajamento e 71,5% notaram maior produtividade.
A pesquisa também revelou que 97,5% dos funcionários desejavam que o modelo fosse mantido permanentemente, com melhorias em indicadores de saúde mental, redução de ansiedade e estresse.
A implementação da escala 4×3 também teve efeitos positivos na colaboração entre colegas, na redução da exaustão e na saúde física.
Em termos financeiros, 72% das empresas participantes reportaram aumento de receita durante o experimento, sugerindo que a escala reduzida pode ser economicamente viável.
O futuro da jornada de trabalho no Brasil e no mundo
Embora a proposta ainda não tenha avançado no Congresso por falta de assinaturas, o interesse crescente pelo modelo de semana de quatro dias mostra que a ideia ressoa entre trabalhadores e empregadores.
Em outros países, como o Reino Unido, onde um projeto piloto semelhante está em curso, a redução da carga horária semanal é vista como uma resposta à necessidade de adaptação às novas demandas do mercado e da sociedade.
A PEC agora em discussão no Brasil surgiu a partir do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que busca oferecer mais dias de folga aos trabalhadores.
O projeto argumenta que a escala 6×1 ultrapassa os “limites razoáveis” dos empregados, prejudicando a qualidade de vida, saúde e relações familiares dos profissionais.
A adesão ao projeto contudo, enfrenta resistência, principalmente do setor empresarial, que alega aumento dos custos.
Até o momento, 1,3 milhão de pessoas já assinaram a petição online pedindo pela proposição no Legislativo.
Fonte:
PEC – Proposta de Emenda à Constituição, apresentada em maio 2024 pela deputada Erika Hilton.
VAT – Movimento Vida Além do Trabalho, do vereador Rick Azevedo.
Época Negócios – Futuro do Trabalho.
Mundiblue.