Por que será que não escutamos?

Cada vez mais palavras de ordem, imperativos e até descontrole tomam contam do dia dia. Nesse costume, poucos silêncios são entendidos como necessários e são até mal vistos. Mas, se todos falam, no fim, quem é que está escutando?

Foto: Passarinhos no Telhado e Mundiblue

 

Em 90% dos diagnósticos que fazemos em nossos clientes, o gap na competência “comunicação” está presente.

E quando aprofundamos um pouco mais, problemas relativos à falta de escuta como geradoras de conflitos nas organizações é alarmante.

Esses problemas acontecem na hora de um feedback, nas divergências de posicionamentos entre pessoas e áreas, na gestão de mudanças, e até mesmo nas interações cotidianas, onde a escuta genuína é frequentemente substituída pela pressa de responder ou impor ideias.

A ausência de uma escuta adequada cria barreiras para a colaboração e inibe o fluxo de inovação, prejudicando o ambiente de confiança necessário para a construção de relacionamentos saudáveis e o sucesso organizacional.

Esse fenômeno é amplificado por pressões de tempo, sobrecarga de informações e muitas vezes, pela falta de empatia, gerando conflitos que poderiam ser evitados com uma comunicação assertiva.

A Escuta

  • Começando pela tal da raiva. Quando estamos com raiva de uma pessoa, não importa se ela está certa naquilo que está nos dizendo. A mente rejeita os dados dissonantes e tenta ser fiel ao que se sente: “se estou com raiva de você, você não estará certo em nada do que diz”.
  • Outro detrator da escuta é a pessoa dona da verdade. Essa pessoa é incapaz de olhar pela perspectiva do outro. Geralmente, é vista como alguém teimosa, inflexível e que impõe suas ideias como sendo as únicas válidas, sem espaço para diálogo ou construção colaborativa.
  • E a última: saúde mental e inteligência emocional. Como escutar alguém se estamos em depressão, com stress, exaustão emocional, burnout e num momento em que 68% dos brasileiros sentem-se ansiosos, mas menos da metade busca ajuda, segundo pesquisa do Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel.

Desenvolvimento humano e suas competências essenciais para liderarmos futuros melhores

 Foi explorando muitas facetas da comunicação com a importância de cuidarmos e desenvolvermos nossas escutas.

Uma conclusão simples: precisamos nos curar emocionalmente para escutarmos melhor.

A cura emocional –  sempre que possível, busque ajuda de um profissional de saúde.

Muitas vezes achamos que “damos conta” dos desafios diários e vamos dando um jeitinho para seguir em frente, ignorando os sinais que nosso corpo e mente nos enviam.

No entanto, essas emoções mal resolvidas podem se acumular, afetando não só nosso bem-estar pessoal, mas também nossas relações e desempenho profissional.

Trabalhar com um terapeuta ou profissional capacitado nos permite entender a raiz de nossos sentimentos, desenvolver ferramentas para lidar com eles de forma saudável e assim, promover um crescimento mais equilibrado e sustentável em todas as áreas da vida.

Para escutarmos melhor, sugiro conhecer os diferentes tipos de escuta e praticá-los sempre, lembrando que aprendizado é o conhecimento colocado em prática com excelência.

Existem diferentes tipos de escuta, cada uma adequada a contextos e necessidades específicos.

*Elas podem ser divididas em cinco categorias principais:

Escuta Apreciativa Passiva
Esse tipo de escuta é utilizado em contextos leves, como quando alguém conta uma história engraçada ou um fato curioso. Aqui, o mais importante é demonstrar sua emoção, mostrando que você está genuinamente engajado no que está sendo compartilhado.

Escuta Empática Passiva
Quando o contexto envolve problemas ou situações difíceis, a escuta empática passiva se torna essencial. Nesse caso, é importante estar totalmente presente e demonstrar solidariedade, sem tentar resolver o problema imediatamente ou dar conselhos não solicitados. Reconhecer o que o outro está passando é o mais importante aqui.

Escuta Organizativa Ativa:
Este tipo de escuta é fundamental em situações em que há muitos detalhes envolvidos, como discussões corporativas ou conflitos. O objetivo é ajudar a pessoa a reconstruir a história que está contando. Perguntas como: de tudo o que você está me dizendo, o que é mais importante? Podem ser úteis para ajudar o outro a se organizar e compreender melhor a situação.

Escuta Perspicaz:
A escuta perspicaz é voltada para o aprendizado e pesquisa de boas práticas. Aqui, fazer boas perguntas é essencial para captar insights e aprender a partir da experiência compartilhada.

Escuta Avaliadora
Finalmente, a escuta avaliadora surge quando alguém se justifica, talvez ao explicar por que não atingiu uma meta ou não cumpriu uma tarefa. Nesse caso, é importante fazer perguntas que ajudem a entender as razões por trás do comportamento descrito, permitindo assim uma avaliação mais precisa da situação.

“Quando escutamos os sentimentos e necessidades de alguém, damos a eles o que há de mais precioso: nossa presença”. Marshall Rosenberg. Psicólogo e mediador norte-americano, conhecido por desenvolver o conceito de Comunicação Não Violenta (CNV).

 

 

Fonte:

Marshall Rosenberg. Psicólogo e mediador norte-americano, conhecido por desenvolver o conceito de Comunicação Não Violenta (CNV).

Renata Schiavone. Cofounder & Chief Learning Officer da Trillio.

HSN Management.

Mundiblue.

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