Profissionais mais jovens apresentam maior risco para questões de adoecimento mental.

Dos 5.178 respondentes na faixa etária entre 19 e 29 anos, 55,1% têm essa propensão

Os jovens normalmente requerem uma atenção maior em relação ao equilíbrio emocional, uma vez que estão cada vez mais ansiosos em relação a vários aspectos do trabalho e a maioria tem problemas em lidar com frustrações, diz Marcela Ziliotto, head de pessoas da Pipo Saúde. Foto: Internet.

Profissionais mais jovens apresentam risco maior para a saúde mental do que os mais velhos.

É o que mostra um novo levantamento, feito pela corretora de benefícios de saúde Pipo Saúde e obtido com exclusividade pelo Valor.

Ao analisar 12.873 funcionários de empresas de diversos setores, como bebidas, serviços e tecnologia, o mapeamento indicou que, dos 5.178 respondentes na faixa etária entre 19 e 29 anos, 55,1% possuem algum risco para o adoecimento mental, seja ele leve, moderado ou alto.

O índice diminui um pouco no grupo entre 30 e 39 anos (48,4%) e cai ainda mais na faixa entre 40 e 49 anos (36,4%).

Já acima dos 50 anos, o índice fica em 29,2%.

Marcela Ziliotto, head de pessoas da Pipo Saúde, comenta que:

“os jovens normalmente requerem uma atenção maior em relação ao equilíbrio emocional, uma vez que estão cada vez mais ansiosos em relação a vários aspectos do trabalho e a maioria tem problemas em lidar com frustrações. Além disso, frequentemente enfrentam uma variedade de pressões sociais, como a necessidade de se encaixar em grupos”, diz.

Especialista em manejo da saúde mental, a psicóloga Mariana Clark comenta que os jovens estão, sim, mais vulneráveis frente ao mundo complexo de incertezas e inseguranças que vivemos, o que é potencializado pelo uso das redes sociais.

Clark dá um passo atrás e fala sobre o jovem ainda em fase escolar, cujo comportamento acaba reverberando no momento de sua entrada no mercado de trabalho.

Já é sabido que os dois principais fatores de risco para o adoecimento mental dos jovens é a rede social e o bullying.

No caso da rede social, explica a psicóloga, existem alguns fatores que aumentam esse risco de adoecimento, como:

  • a falsa sensação de conexão que se vê nessas plataformas e que acaba impedindo que as pessoas desenvolvam relações mais genuínas, de mais afeto, de maior conexão.

Alguns dos principais objetivos dos jovens são explorar o mundo e se sentir pertencente a um grupo.

A rede social acaba trazendo esse fator de risco porque traz essa falsa sensação de pertencimento e de relação, complementando que muitas vezes o jovem acaba se alimentando de conteúdos que não são nutritivos. E tem também a comparação, que para os jovens, pela faixa etária, por essa vontade de pertencimento, leva a sensações de frustração e baixa autoestima, colocando em xeque sua percepção sobre a própria potência, habilidades, competências e tudo o mais.” Explica Clark.

Clark menciona, ainda, os ataques violentos que existem nas redes e que exigem maior capacidade de lidar com a frustração, algo que nem sempre o jovem tem bem desenvolvido.

O outro fator de risco para adoecimento é o bullying, que é a exposição de forma constante, cíclica e recorrente à violência por parte de outros indivíduos.

Quanto mais o jovem é exposto a esse tipo de violência, maior a chance de ter reverberações na saúde mental, principalmente quando há omissões dos pais e da escola.

Já no contexto organizacional, Clark, que é consultora em humanização e processos de acolhimento, recomenda que a primeira coisa possível de ser feita é a psicoeducação e o letramento:

“Abrir espaços de expressão e validação sobre isso no início da carreira desses jovens, até para falar das reverberações, quanto isso impactou a vida deles e quanto pode impactar esse início de carreira”.

Ela comenta também que a individualização na intervenção pode ser eficiente em casos mais críticos.

“Mas, sem dúvida, a organização ao abrir espaço para essas dores que reverberam pode ser um caminho bem potente.

Quando a liderança abre espaço para esse tipo de coisa, se coloca como um recurso importante para ventilar esses sintomas dentro do contexto organizacional.

Fonte:

Psicóloga Dra. Mariana Clark.

Marcela Ziliotto, head de pessoa.

Corretora de benefícios de saúde Pipo Saúde.

Época Negócios – Futuro do trabalho.

Mundiblue.

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