O que é “glossing”- prática que está gerando estresse e isolamento no local de trabalho

É um tipo de positividade tóxica no qual os “chefes”, em vez de abordar os problemas e as dificuldades enfrentados pela empresa, agem como se estivesse tudo bem, obrigando os profissionais a se calar e reprimir as emoções negativas.

 

Reunião de trabalho — Foto: Thomas Barwick/Getty Images.

 

Se você tem a tendência de dizer está tudo bem no trabalho e varrer as coisas para debaixo do tapete, pode estar praticando o glossing.

Glossing é um termo usado para uma forma de positividade tóxica, em que “chefes” reprimem e negam suas emoções negativas, obrigando os profissional a fazer o mesmo.

Leena Rinne, lider global de coaching da companhia de treinamentos Skillsoft, disse ao Business Insider que há muitos motivos pelos quais o glossing acontece.

Segundo a especialista, é normal acontecer em períodos de mudanças estressantes, ou quando as pessoas querem passar despercebidas.

“Acho que é uma resposta natural à ansiedade ou ao medo. Líderes criam cultura. Se eu apareço em uma reunião com sentimentos negativos e meu líder apenas elogia a todos, entendo que é isso que devo fazer também,aponta”.

Rinne diz que, quando os funcionários não se sentem vistos ou ouvidos pelos “chefes”, que ignoram problemas ou dificuldades gritantes, é criada uma tempestade perfeita ou seja, o cenário ideal para que a equipe se desfaça.

Para os líderes, o risco é que se torem menos dispostos a avaliar os problemas para encontrar as melhores soluções ou a assumir riscos para se tornarem inovadores.

Alguns sinais do glossing no local de trabalho incluem não falar sobre questões difíceis, reclamar pelas costas dos “chefes” e deixar as câmeras desligadas durante reuniões remotas.

E seus impactos são profissionais esgotados, que se sente estressados e envergonhados, se culpam e se isolam, não fazem amizades entre si e ficam doentes com mais frequência, levando-os até a tirar longos períodos de folga devido a problemas de saúde mental.

Quando uma empresa está passando por um trimestre difícil, os gestores podem ficar tentados a encobrir a realidade porque não são notícias positivas e eles querem manter a moral elevada.

Mas o ideal, segundo Rinne, é que reconheçam o que está acontecendo.

“Sabemos que é difícil e estamos muito gratos por você estar nesta jornada conosco. Não há ninguém que preferiríamos ter do que você”, é uma fala que Rinne recomenda durante um período de incertezas.

A especialista diz ainda que os gerentes não precisam assumir a responsabilidade por toda a empresa, criando uma cultura de bolha para suas próprias equipes.

Em vez disso, ele deve estimular os profissionais a fazer treinamentos e mentorias, para ajudá-los a lidar com a situação.

“Quando é preciso dizer ao funcionário que haverá uma mudança disruptiva e difícil no horizonte, há uma maneira de enquadrar isso que alivia a ansiedade  e outra que pode amplificar os sentimentos de receio, indicando que os líderes precisam aprender as habilidades necessárias para serem transparentes de uma forma que gere confiança, não transparentes de uma forma que assuste as pessoas,” salientou Rinne.

Em última análise, ela observou que as pessoas apreciam a honestidade, mesmo quando as notícias não são totalmente positivas.

Por exemplo, elas preferem não ser pegas de surpresa com demissões em massa ou uma reestruturação.

Se não forem mantidas no escuro, é mais provável que se sintam mais ligadas à empresa após períodos de dificuldade.

“Você ganha mais quando as pessoas se sentem seguras e engajadas do que se estiverem marcando ponto e encobrindo o assunto por horas”, completou.

Fonte:

Leena Rinne, lider global de coaching da companhia de treinamentos Skillsoft.

Business Insider.

Época Negócios – Futuro do Trabalho.

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